Descubra os 12 melhores doces de Portugal.

Portugal é um país com muitas tradições gastronómicas, especialmente no que se refere aos doces, mas não só. A grande variedade de doces típicos em Portugal deve-se sobretudo ao facto de, ao longo dos séculos, terem sido inventados por freiras residentes em conventos.
Cada localidade possui um ou mais doces típicos, fazendo com que Portugal seja um país com uma enorme variedade de pastelaria tradicional e que varia de região para região. Desde os pastéis de Vouzela aos pastéis de Belém e às clarinhas de Esposende… os doces portugueses conquistam nacionais e estrangeiros.

Nos últimos anos, o pastel de nata partiu à conquista do mundo e outros doces portugueses pretendem seguir o mesmo caminho.

Afinal de contas, as sobremesas de Portugal estão mesmo entre as mais apetitosas que pode provar. Mas não se esqueça… para sentir o verdadeiro e original sabor, tem que ser os doces tradicionais vendidos das pastelarias típicas (comprar imitações em supermercados é uma má ideia).

Descubra os 10 melhores doces típicos de Portugal.

 

1. Pastel de Belém

Pastel de Belém

Em 1837, em Belém, próximo ao Mosteiro dos Jerónimos, numa tentativa de subsistência, os clérigos do mosteiro puseram à venda uns pastéis de nata. Nessa época, Belém e Lisboa eram duas localidades distintas com acesso assegurado por barcos a vapor. A presença do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém atraíam inúmeros turistas que contribuíram para difundir os pastéis de Belém.

Na sequência da revolução liberal de 1820, em 1834 o mosteiro fechou. O pasteleiro do convento decidiu vender a receita ao empresário português vindo do Brasil Domingos Rafael Alves, continuando até hoje na posse dos seus descendentes.

No início os pastéis foram postos à venda numa refinaria de açúcar situada próximo do Mosteiro dos Jerónimos. Em 1837 foram inauguradas as instalações num anexo, então transformado em pastelaria, a “A antiga confeitaria de Belém“.

 

2. Pastel de Tentúgal

Pastel de Tentúgal

A história da antiga vila de Tentúgal, hoje pertencente ao concelho de Montemor-o-Velho, confunde-se com a história da doçaria conventual, cuja fama persistiu no tempo devido, em parte, aos Pastéis de Tentúgal.

Reza a história que os afamados doces terão surgido por causa da bondade natalícia de uma freira carmelita que, em finais do século XVI, presenteando os meninos da terra com iguarias, resolveu experimentar rechear a massa muito fina com doce de ovos. Estes requintados presentes eram, igualmente, oferecidos a bem feitores do Convento das Carmelitas, assim como a indivíduos da alta sociedade portuguesa, recolhendo de todos os maiores elogios.

Inicialmente designados “Pastéis do Convento”, começaram a ser produzidos no seu exterior aquando das reformas de Joaquim António de Aguiar, em 1834, que puseram fim às congregações religiosas e, decisivamente, após a laicização da sociedade, com a implantação da República em 1910.

Fora das instalações conventuais os Pastéis de Tentúgal popularizaram-se, passando a ser consumidos pelos diferentes estratos sociais, chegando a ser recheados com frutas, doces ou preparados de carne.

Nos dias de hoje o mais vulgar é o recheio com doce de ovos, adoptando uma forma alongada, que lhe confere também a designação de Palito, ao invés da outrora forma em meia-lua. O recheio dos Pastéis de Tentúgal que apresentam a forma de meia-lua, para além do doce de ovos, inclui amêndoa.

 

3. Queijadas de Sintra

Queijadas de Sintra

As queijadas de Sintra são compostas por um delicioso recheio à base de queijo fresco, açúcar, ovos, farinha e canela, envolvido numa massa crocante e estaladiça. As primeiras referências a estas queijadas datam do séc. XIII e, segundo os arquivos da Torre do Tombo, na época serviam como pagamento de foros. Sintra possuía excelentes pastagens e excesso de queijo fresco, sendo este usado para o fabrico deste doce.

A receita terá sido criada no Convento da Penha Longa, em Linhó. No entanto, receita de então é diferente da de hoje, pois naquela época ainda não se conhecia a canela e o açúcar. Em meados do séc. XVIII, uma senhora de Ranholas, de nome Maria Sapa, industrializou o fabrico caseiro deste doce tradicional, dando-lhe grande projeção.

Sintra era um óptimo lugar para a industrialização das queijadas, pois havia muita criação de gado. Devido ao sucesso que obtiveram, a produção das queijadas aumentou e, em meados do século XIX, surgiram as principais fábricas deste afamado doce regional, como a “Sapa”, a “Piriquita”, o “Gregório” e a “Casa do Preto”.

 

4. Tortas de Azeitão

Torta de Azeitão

A origem da torta de Azeitão remonta ao final do século XIX e começa pelas mãos de Manuel Rodrigues, mais conhecido como “o Cego”. Casado com uma fada da cozinha e pai de uma talentosa doceira, “o Cego” deu nome a uma das mais famosas e tradicionais pastelarias em Portugal.

Manuel Rodrigues e a sua família são responsáveis pela criação de algumas das receitas doces mais apreciadas no país – e entre elas, claro, está a receita da torta de Azeitão.

Graças às habilidosas mãos da sua esposa, D. Maria Albina, o Cego tornou-se, primeiramente, num famoso fabricante das deliciosas roscas em forma de S, que passaram a ser muito conhecidas na região. A filha do casal, que também era dotada para a cozinha, mais tarde, inventou uma série de outros doces que depressa se notabilizaram em Azeitão.

A pastelaria O Cego, em Azeitão, comercializa as originais tortas de Azeitão desde 1901 e o seu símbolo faz ainda alusão às roscas em S que iniciaram o caminho desta família na doçaria regional.

5. Pudim Abade de Priscos

Pudim Abade de Priscos

O pudim abade de Priscos é um pudim típico de Braga, Portugal sendo uma das poucas receitas que o abade de Priscos transmitiu para o público.

O Abade de Priscos, de seu nome Manuel Joaquim Machado Rebelo, pároco da freguesia de Priscos, concelho de Braga, onde esteve colocado 47 anos, para além de outras virtudes foi, sem dúvida, um dos maiores cozinheiros portugueses do século XIX e dessa justa e merecida fama gozou não só na região como em todo o País. Durante a sua longa existência preparou grandes e sumptuosos banquetes para homenagear reis, príncipes, prelados, ministros, núncios apostólicos e figuras iminentes da aristocracia, da política, das artes e das letras.

É considerado uma iguaria fina e poucos restaurantes o incluem na sua ementa. Actualmente, é confeccionado apenas nalgumas casas onde é respeitada a receita original, sendo muito apreciado como sobremesa.

 

6. Brisa do Lis

Brisa do Lis

O Lis é o rio que banha Leiria. Esta é uma cidade associada às trovas do rei Lavrador (D. Diniz). A origem das Brisas do Lis parece ter sido, no século XVII, o Convento de Santa Ana que pertencia à ordem das Dominicanas e que ficou a dever a sua fundação a D. Catarina de Castro, filha do 2° Duque de Bragança.

Apenas existe a tradição oral de doceiras que receberam a informação de doceiras mais velhas. É um dos símbolos desta cidade, cuja receita é feita de segredo e de amêndoa. Parece que a receita das genuínas desapareceu e por isso há quem diga que as que se encontram não são iguais às velhas brisas do «Colonial».

7. Bola de Berlim

Bola de Berlim

A bola de Berlim (Portugal) ou sonho (Brasil) é um bolo tradicional semelhante à Berliner alemã. Ao contrário desta, normalmente recheada com doces vermelhos (morango, framboesa, etc.), é recheada com um doce amarelo chamado creme pasteleiro. O recheio é colocado através de um golpe lateral, sendo sempre visível.

Os sonhos são fritos e polvilhados com açúcar, antes de serem recheados com um creme patissier. Crê-se que as bolas alemãs têm um diâmetro um pouco menor e são normalmente polvilhadas com açúcar mais fino.

Em Portugal, é possível encontrar bolas de Berlim na maioria das pastelarias, que, por vezes, também as apresentam sem recheio. São muito consumidas nas praias do sul do país.

No Brasil, são conhecidas como sonho e são muito consumidas no país. A sua comercialização passou a dar-se no início do século XX em padarias de São Paulo, com o aproveitamento das sobras das massas de pão. São apresentadas recheadas, geralmente com creme pasteleiro ou doce de leite.

 

8. Toucinho do Céu

Toucinho do Céu

Toucinho do céu é uma das sobremesas tradicionais de Portugal e de Espanha. À base de ovos e açúcar, originou-se nos conventos, razão da denominação colectiva de doçaria conventual desta categoria de doces.

Consiste numa espécie de bolo feito com açúcar em ponto pérola ao qual se adicionam amêndoas moídas, por vezes, doce de gila e, finalmente, uma grande porção de gemas de ovos. O nome Toucinho do Céu deve-se ao facto de a versão original ter banha de porco como ingrediente. Faz-se em todo o país, com diferenças de região para região, sendo os toucinhos do céu mais afamados os de Guimarães, Murça e Trás-os-Montes.

 

9. Clarinhas de Esposende

Clarinhas de Esposende

Clarinha são pastéis em forma de rissol recheado com chila ou gila. É originário da vila de Fão, Esposende. No convento do Menino de Jesus de Barcelos faziam-se uns pastéis com recheio de abóbora chila batida com gemas de ovos a que chamaram Clarinhas. Hoje são conhecidas como Clarinhas de Fão, freguesia de Esposende onde a sua produção se popularizou.

Nos anos 20 ou 30 eram conhecidos como pastéis de chila ou de Fão, mas entretanto começaram a ganhar muita fama na zona do Porto e em Barcelos, e foi então que se lembraram de atribuir um nome aos pastéis.

10. Pastel de Feijão

Pastel de Feijão

O pastel de feijão é um doce típico de Portugal, confeccionado em Torres Vedras desde os finais do século XIX. Embora a receita varie um pouco consoante o fabricante, tem como ingredientes base a amêndoa e o feijão branco cozido.

D. Joaquina Rodrigues, habitante de Torres Vedras no final do século XIX, é a autora original desta receita, que confeccionava somente para pessoas dentro do seu círculo privado. O modo de confecção é posteriormente passado a conhecidos e familiares, como D. Maria, a primeira pessoa a comercializar os pastéis, e Maria Adelaide Rodrigues da Silva (Mazinha). Álvaro de Fontes Simões, casado com Mazinha, explora comercialmente o fabrico dos pastéis, que rapidamente alcançam sucesso além das fronteiras da vila. Nesta altura são confeccionadas algumas dúzias de pastéis por dia.

11. Ovos moles de Aveiro

Ovos moles de Aveiro

Trata-se de um doce regional, tradicional da pastelaria aveirense, cuja fórmula e método de produção original se deve às freiras dos vários conventos aqui existentes até ao século XIX – dominicanas, franciscanas a carmelitas, nomeadamente o Mosteiro de Jesus de Aveiro.

As religiosas utilizavam a clara de ovo para engomar os hábitos, enquanto que as gemas, para que não fossem desperdiçadas, se constituíram na base para a feitura do doce. Extintos os conventos, o fabrico dos ovos moles manteve-se, graças a senhoras educadas pelas referidas freiras. Desde o início da linha de caminho de ferro Porto-Lisboa que é tradicional a sua venda durante a paragem dos comboios na estação de Aveiro, feita por mulheres usando trajes regionais.

 

12. Travesseiros de Sintra

Travesseiros de Sintra

Etnográfica e historicamente, os Travesseiros da Piriquita são, de todos os doces sintrenses, o mais recente. Surgido da actividade pasteleira de uma família da Vila, em meados de 1940, quando Constança Luísa dos Santos Cunha, neta da fundadora da antiga Casa das Queijadas da Piriquita, cria com a sua arte e o seu engenho um afecto de doçaria, dando fundamento e testemunho a um novo conceito de “tradição evolutiva” dos paladares sintrenses.

O fabrico deste novo doce, feito de massa folhada, doce de ovos, amêndoas e açúcar que ultrapassa, então e deste modo, os infortúnios e as dificuldades de um tempo conturbado pela guerra, pela escassez e pelo racionamento dos produtos, vai-se transformar em algo universalmente reconhecido como um dos ex-libris de Sintra.

Desta nova mistura harmoniosa de ingredientes que a imaginação de gerações descendentes de Constança Gomes, em outros tempos, alcunhada, aos olhos e gulosice de uma atenção de Rei, como Piriquita, mediu, pesou e laborou em tachos, panelas, alguidares e colheres de pau, saiu um verdadeiro acto cultural. E, apesar de hoje, o processo de fabrico decorrente adoptar novas fontes de energia e novos equipamentos e utensílios, o doce saído nos tabuleiros dos fornos, «feitos à hora de vender», por vontade da matriarca Maria Leonor Cunha, são sempre suculentos, estaladiços, cremosos, aromáticos. Enfim, polvilhados de açúcar e de predicados que preenchem a memória dos saberes e o paladar dos sabores.

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